A máxima dos
filósofos gregos de que o "homem é um ser de necessidades" foi
transmudada para "o homem é um ser social" pelos antropocentristas do
Renascimento. O que, evidentemente, é um jogo de palavras, que não tem o poder
de alterar a realidade: o homem continua sendo um ser de necessidades.
Precisamos de outras pessoas para continuar vivendo, e continuar... existindo.
Robinson Crusoé, aquele cara que
vivia numa ilha perdida no meio do pacífico (lembra
dele?), com certeza seria o último de sua espécie, se não pudesse encontrar
alguém (do sexo oposto) com quem pudesse
dividir o futuro e ter filhos.
Há uma ignorância muito grande
acerca do casamento entre as pessoas do mundo todo. E, infelizmente, também
dentro de nossas igrejas.
O que é exatamente um casamento? As
pessoas não sabem exatamente o que é casamento. E, nos tempos moder-nos, as
pessoas que se casam já vão para o casamento com a idéia de que "se não der certo, separa", como se fosse uma
reles aposta, onde é possível ganhar ou... perder.
Aliás, é bem possível que você já
tenha ouvido gente dizer que casamento é como uma loteria. Se for, podemos
desistir de ter um casamento feliz. A loteria esportiva tem 999.999 números.
Isto significa uma chance em um milhão. Em outras palavras, nesta ótica,
somente um casal em um milhão seria feliz.
Dentro de uma ótica humana, e
social, o casamento é algo como o encaixe de duas partes de uma mesma moeda,
que se unem em torno de objetivos comuns. Duas pessoas com valores,
referências, e objetivos muito distintos não vão permanecer muito tempo juntos.
Numa outra visão, um casamento é um
relacionamento de duas pessoas de sexos opostos, onde deve haver dois
elementos: sexo e amizade. Os cônjuges devem ser amigos e amantes. Não apenas
amigos, mas também amantes. Não apenas amantes, mas também amigos. E isto é uma
coisa rara (infelizmente) entre os casais.
Na maior parte dos casos são apenas
amantes, que se unem numa conjunção carnal com o fito de descarregar as
energias eróticas que a Natureza dotou ao ser humano. Mas não são amigos. Não
se confiam um ao outro, e nem confiam um no outro.
Sabe, nós nos afastamos dos amigos
que nos tratam com leviandade, aspereza, interesse, ou qualquer outro fator
negativo. Mas quanto aos cônjuges, o afastamento não é assim tão simples por
causa dos "eternos laços do
matrimônio". O que fazer?
Você já percebeu que nós evitamos
fazer um monte de coisas aos nossos amigos? Mas não temos o mesmo cuidado
quando se trata de nossos cônjuges? Isto é, nós tratamos melhor nossos amigos
do que aos nossos cônjuges. E por isso, nós damos mais ouvidos aos nossos
amigos do que aos nossos cônjuges. Nossos cônjuges não são nossos amigos... Uma
pena.
Casamento é, antes de tudo, uma
instituição divina. Deus instituiu o casamento, e impôs algumas bases e diretrizes.
Alguns "requisitos".
Os seres humanos são constituídos de três partes: corpo, alma e espírito. Um casamento é uma união entre estas três partes de duas pessoas de sexos opostos.
Os seres humanos são constituídos de três partes: corpo, alma e espírito. Um casamento é uma união entre estas três partes de duas pessoas de sexos opostos.
Se não houver a união entre estas
três partes, o casamento tem muito pouca chances de sobreviver ao tempo...
Na verdade, uma grande parte das
uniões matrimoniais que nós vemos por aí, são casamentos de aparências ou
conveniências. São pessoas que já não se sentem bem na companhia do cônjuge. Na
verdade, em alguns casos, a ausência dá mais prazer do que a presença. Em
outros casos, tanto faz a presença como a ausência. É indiferente.
No primeiro caso, os cônjuges
pensam: ruim com ele(a), pior sem ele(a). No segundo caso, os cônjuges
simplesmente se acostumaram um com o outro. Não há mais paixão e carinho, mas
uma coisa mecânica, repetitiva e rotineira.
1 - UNIÃO DE CORPOS
Ao contrário do que pensam as pessoas, a simples união de dois corpos,
em busca de prazer não é suficiente para a manutenção de um relacionamento.
A beleza de um corpo não é suficiente
para manter um relacionamento. Nós vivemos numa era de pessoas hedonistas,
pessoas que estão em busca do prazer. Você já ouviu a expressão: "o que importa é o prazer"? Pois é. É uma
expressão destrutiva e diabólica.
Você já deve ter ouvido a expressão "gosto de tal pessoa", ou algo semelhante.
Gostar é um termo egoísta, que significa "me
agrada". Nós gostamos de algo ou alguém que, por um motivo ou outro, nos
agrada, nos atrai, e nos fascina. Ocorre que o nosso gosto está sujeito à
fadiga, ao cansaço, ao desgaste, gerando o que chamo de "efeito chiclete". Você já ouviu falar do "efeito chiclete"? Não? Bem, vamos lá, então. Chicletes
são gomas de mascar. Aqueles pedaços de restos de petróleo aos quais são
colocados cores e sabores. Esses pedaços de borracha mole são mastigados por
algumas horas (ou minutos) até que perdem o sabor. Então são jogados no lixo.
O problema que está a ocorrer é que
algumas pessoas (algumas?) usam as outras como se fossem chicletes. Elas ficam
juntas com outras pessoas que, por um motivo ou outro, lhes agradam, usando-as,
sugando-as, espoliando-as, usufruindo delas, às vezes desfilando com elas como
se fossem troféus. E chega um dia em que acaba o gosto, a paixão e a doçura de
sua companhia. Quando então tais pessoas são descartadas, abandonadas, jogadas
no lixo, desprezadas, com a seguinte explicação: acabou-se o que havia entre
nós. Só que pessoas não são chicletes, não são coisas. São pessoas, são seres
humanos que tem sonhos, valores, aspirações, desejos, almas que necessitam de
carinho, amor e compreensão.
Podemos ver o "efeito chiclete" em casais que são
invejados, cobiçados por milhões de pessoas no mundo todo. São ricos, famosos e
bonitos. Mas que também estão sujeitos ao problemas comuns aos mais comum dos
casais. Você já deve ter visto ou ouvido falar de Bruce Willis e Demi Moore.
São ricos, bonitos e famosos. Passaram onze anos casados. E se separaram. Por
quê? Porque não estavam mais se entendendo. Porque se cansaram da beleza um do
outro. Porque a paixão acabou. O "gosto
do chiclete" se perdeu ao longo dos anos tornando a convivência
estéril, insossa e, talvez, até mesmo odiosa... A beleza de um corpo não é
suficiente para a manutenção de um relacionamento.
Quando uma pessoa se apaixona por
outra, invariavelmente está interessada no que pode obter, sugar, retirar,
gozar, usufruir. Como uma fonte que mais cedo ou mais tarde vai se secar, ou...
como um chiclete que vai perdendo o gos-to. É o que também acontece com a
paixão: não resiste ao tempo. E desaparece como a neblina sob o calor do sol. A
paixão é egoísta, e busca satisfazer o desejo do apaixonado.
A própria beleza é volátil,
efêmera, transitória, passageira. Há algum tempo Isabella Rosselini, filha de
Ingrid Bergman, nascida de seu relacionamento com Roberto Rosselini, foi
demitida da agência de modelos para a qual trabalhava. Já está com mais de 40
anos de idade, e continua linda como sempre foi, mais não mais o suficiente
para os padrões do mundo da moda.
A beleza de um corpo não é
suficiente para a manutenção de um relacionamento. Não apenas a beleza, mas
quaisquer atributos sobre os quais fundamentamos nossos sentimentos.
O segredo de um relacionamento
produtivo e duradouro, é não dar muita importância ao que podemos receber do
outro, mas sim o que podemos fazer pelo outro. O que acontece é que algumas
pessoas (algumas?), inconscientemente,
estão em busca da satisfação de suas necessidades de carinho e companhia. Até
que acaba o encanto, a doçura e o mistério e as coisas começam a "andar pra trás". Mas não compreendem porque as coisas
não dão mais certo entre si.
Outras pessoas (uma grande maioria), agem de forma consciente e
deliberada: estão apenas a usar as outras pessoas para seus propósitos
egoístas. Depois que conseguem o prazer que desejam... abandonam "o bagaço" sem o menor pudor ou cerimônia.
Eu gostaria de colocar nesta
oportunidade que ninguém jamais será feliz sobre as ruínas da vida de outras
pessoas. Utilizar-se de outras pessoas para conseguir o que se deseja (prazer, diversão, fama, fortuna, jóias, etc.), é uma prática
perniciosa e destrutiva. E utilizar-se do próprio corpo para conseguir o
desejado é uma coisa que a Bíblia chama de "prostituição".
Amar é dar maior importância à
felicidade da pessoa amada do que à própria felicidade. Nós somos felizes à
medida que fazemos com que as pessoas que estão conosco sejam felizes.
2 - UNIÃO DE ESPÍRITOS
Certa vez ouvi que casar é como pegar um ônibus, temos que entrar num
que vá para onde queremos ir.
Pode parecer gozado, mas concluí
que a afirmação é verdadeira. Não adianta tomarmos um ônibus ultra confortável,
último tipo, com todos os acessórios modernos possíveis, se seu destino não for
o nosso. Mais cedo ou mais tarde teremos que deixá-lo.
A propósito, Wim Malgo conta a
respeito de um jovem que queria trabalhar com jovens; ele tinha seis possíveis
pretendentes e falou a todas a respeito de seu projeto de vida. Cinco delas
desistiram e ele se casou com a sexta que tem sempre alguém mexendo na
geladeira de casa ou precisando de lençóis limpos.
Os futuros cônjuges devem saber o
que exatamente querem que seja feito em suas vidas. Se os almejados forem
demasiadamente distintos, não embarque numa canoa furada. É o que ocorre
freqüentemente com pessoas que têm entre si credos diversos, um grande desnível
intelectual, ou mesmo econômico, ou pessoas de culturas originárias diversas.
Ressalvo, porém, que não estou de
modo algum afirmando que tais uniões estejam fadadas ao fracasso, mas que o
amor é delicado demais para suportar os tão grandes e freqüentes reveses que
inevitavelmente virão. Duas pessoas nunca andarão juntas se entre elas não
houver acordo. Não exatamente concordância, mas acordo.
Os cônjuges deverão saber
exatamente o que querem de suas vidas. Se o objetivo de ambos forem
demasiadamente díspares, não embarque numa canoa furada.
3 - UNIÃO DE ALMAS
Olavo Bilac, um poeta simbolista que morreu já fazem alguns anos, disse,
a uma certa altura de sua carreira, que devemos "deixar nossos corpos se entenderem, porque nossas almas
nunca se entenderão".
Confesso que às vezes sou
tentado a acreditar que o poeta estava certo, tamanha a dificuldade de se unir
duas almas de sexos opostos. Aliás, o Autor de Eclesiastes diz que não
encontrou uma mulher entre mil, que se enquadrasse em suas exigências (Ecl.7:28). Isso pode até ter sido arrogância do Pregador,
mas o fato é realmente nunca va-mos encontrar alguém que se enquadre em nossas
exigências.
Você lembra do Dr.Spock? Um
personagem do seriado "Jornada nas
Estrelas". Um ser alienígena, um vulcano cuja principal característica era não
ter sentimentos, não ter emoções. Era totalmente racional. Totalmente dirigido
pela ordem e pela razão. Isto fazia com que não tivesse que enfrentar as "armadilhas do coração". Mas também a sua
vida não tinha cor e nem sabor.
Duas almas apaixonadas estão
inegavelmente unidas. Amantes tem suas almas unidas pelo desejo.
A união de duas almas unidas pelos
laços do sagrado matrimônio somente vão se unir com o decurso do tempo, com o
longo, duro, gradual e doloroso processo de ajustamento conjugal.
Não tenha ilusões, e nem se deixe
enganar pela propaganda mentirosa, falsa e destrutiva da TV, dos livros e das
revistas que são editadas por quem não tem o mínimo conhecimento da Bíblia e
nem sequer sabem o que significa
"o temor do Senhor é o princípio da sabedoria" (Salmos
111:10).
Homens são diferentes das mulheres,
e as diferenças, as reentrâncias de suas personalidades devem servir para se
completar, se complementar, e não para causar brigas e desentendimentos. Por
isto pessoas muito iguais nunca devem se unir. Nunca haverá encaixe em suas
personalidades.
Nós sempre esperamos que as pessoas
façam o que nós faríamos, e que reajam como nós reagiríamos. E não é diferente
num casamento. Os homens esperam que suas mulheres ajam e reajam como se fossem
homens. E as mulheres esperam que seus maridos ajam e reajam como se fossem
mulheres.
Cada qual deve entender que os
anseios, as aspirações, e as necessidades de ambos não são iguais. São
diferentes. E devem ser respeitadas, compreendidas e... aceitas.
O que freqüentemente acontece é que
cada um não quer se submeter ao seu cônjuge. Mas quer (e exige) que seu cônjuge se adeqüe às suas
próprias necessidades. Isto é, não quer ser e fazer o que cônjuge precisa e
necessita, mas exige que o cônjuge se mutile, se transforme naquilo que sempre
quis e sonhou.
Não existem "almas gêmeas". Não existem almas que foram feitas um
para o outro. Esta é uma visão poética, fantasiosa e idealista que está na
visão imaginária dos apaixonados e dos cantores que vendem ilusões.
Não existem casamentos perfeitos,
porque não existem homens e mulheres perfeitos.
O que existem são casamentos que vão se aperfeiçoando a cada dia, com o
aperfeiçoamento dos cônjuges. Cônjuges que vão renunciando aos seus propósitos
egoístas, à sua arrogância e prepotência para se dedicar ao outro.
Você está pronto(a) para encarar
esse desafio?
O que for feito fora desses padrões
somente trará dor e sofrimento para todos. Principalmente para os familiares.
Para as pessoas que estão junto contigo, e te amam, e te querem bem.
"Ponde-vos à beira do caminho e perguntai às veredas antigas qual o
bom caminho. Andai nele e encontra-reis descanso para vossas almas"
(Jer.6:16).
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